domingo, 25 de maio de 2014

As eleições europeias no país que julga estar fora da Europa

Quando alguém aqui na Grã-Bretanha apanha o comboio em Saint Pancras em direcção a Paris ou a Bruxelas diz que vai para a Europa.
Os supermercados que têm apenas produtos de outros países do continente são os European Supermarkets e quando se apanha o avião para cá tem que se mostrar o Cartão do Cidadão porque não assinaram o Acordo de Schengen.
Pois bem, se as eleições europeias para os europeus que se consideram europeus já são uma valente seca com níveis de abstenção semelhantes aos níveis exibicionais do Porto do Paulo Fonseca, para esta gente que vive num continente algures entre a Europa e a América seria então um Deserto do Sahara.
 Mas não é! E tudo graças a um senhor e ao seu partido: Nigel Farage e o UKIP.

 http://www.thetimes.co.uk/tto/multimedia/archive/00454/137400969_Nigel_454505b.jpg

Com uma campanha baseada na saída da UE (pois, não são europeus) e em fechar as portas a imigrantes com uma demagogia tão grande como o buraco na defesa do Porto do Paulo Fonseca.
E é isso que as pessoas gostam de ouvir, mesmo sabendo que os imigrantes descontam mais, usam menos os sistemas de saúde e de protecção social e vêm equilibrar a pirâmide etária o que permite que muitos reformados racistas recebam a sua reforma.
Mas a maior piada de isto tudo é que o partido acaba por defender a sua auto-aniquilação já que não tem um único assento no parlamento britânico e apenas está representado em Estrasburgo. Ora, se o Reino Unido sair da União Europeia, o que não é um cenário tão fora de hipótese quanto isso, o UKIP sai do seu único palanque, a não ser que ganhe lugares no parlamento nacional (o que, diga-se não será impossível a médio prazo).
Ainda para mais, Nigel Farage quer trabalhar no Parlamento Europeu, que não é em Inglaterra, mas que roda entre Estrasburgo, Bruxelas e Luxemburgo, ou seja ele não será mais que um imigrante em 3 países ao mesmo tempo. Isso é tão coerente como o Paulo Fonseca bater palmas depois de sofrer um golo.

Ninguém estará certamente satisfeito com o rumo que a Europa teve nos últimos anos, mas todos os países são um pouco mais fortes estando unidos na maior economia mundial. Por isso, a saída do Reino Unido é um tiro no pé, e o fecho da porta a imigrantes será um tiro no outro pé. Mas parece que se vê um caminho lento para o abismo como se viu com o Porto do Paulo Fonseca.

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